Qual a sua inovação?

Nos dias atuais, talvez mais do que em períodos conhecidos ou vividos por nós neste século, estamos nos questionando enormemente sobre aspectos relacionados ao cotidiano e modo de vida. A pandemia que estamos passando, como exemplo, é uma forma de repensarmos como vivemos e quais as práticas de consumo, hábitos e rotinas podem ser afetadas ou alteradas.

O objetivo aqui não é entrar no quesito ou mérito do aspecto técnico, saúde, econômico ou político do assunto, mas sim usar o tema para falar de inovação. A partir de novas realidades, e é fato que fomos obrigados a criar novos meios para trabalharmos e relacionarmos, construímos processos e meios de viver diferentes daqueles conhecidos antes. A Digitalização é um aspecto muito evidente neste caso. De cara podemos citar as aulas online nas escolas e todas as agendas corportativas sendo cumpridas através de plataformas para reuniões a distância.

E no âmbito de negócios? Vimos a economia parar na grande maioria de setores de economia real e, além da impotência de ação (trabalho), vem uma auto cobrança natural sobre como poderíamos lidar com uma situação similar futura sem sofrer os mesmos impactos. Acho que essa é a pergunta que cada empresário ou empreendedor mantém em mente nos dias de hoje. O Empresário num aspecto mais preditivo e o empreendedor sob uma ótica de inovação ou oportunidade. Infelizmente este artigo não trás essa resposta, até porque é a pergunta do milhão, não é mesmo? Mas espero ajudar falando um pouco de forma aberta sobre inovação.

Notaram que eu separei as perspectivas entre empresário e empreendedor? Mas empresário em empreendedor não são as mesmas coisas? Este jogo aqui colocado tem 2 objetivos… O primeiro de provocar. O segundo de fazer um paralelo e falar sobre inovação:

Há listas dos países mais inovadores do mundo para todos os gostos… A Organização mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), Fórum Econômico Mundial também tem a dela… E o Brasil vai mal em todas (Imagino não trazer nenhuma notícia nova aqui). De toda forma, modelos de negócios que vemos se transformar de verdade em negócios escaláveis, disruptivos e que navegam bem em ambientes de incertezas provem de poucos pólos no mundo. Na minha humilde opinião, na prática vale do silício (EUA) e China.

Inovação não é invenção… a aproximação entre os conceitos não raro nos leva a confundir um pouco ambos, e por isso particularmente, questiono um pouco listas que se baseiam em número de patentes por propriedade intelectual/ habitante. A inovação pode se beneficiar das invenções para propor um serviço ou produto a sociedade, e com fins comerciais. Vamos tratar a inovação classificando-as em 4:

Inovação Incremental: No Brasil, há uma gama enorme de negócios voltados a este modelo. É o mais comum (lembram do comentário acima sobre a lista de países mais inovadores e o Brasil?). Inovações (modificações ou aperfeiçoamentos) que mantém o propósito do produto ou  serviço e garantem margem e continuidade da oferta. Quem nunca trocou um notebook Intel I7 Core de 5 geração pelo de 8 geração)?

Inovação de Eficiência: Possuem características parecidas as da inovação incremental porém menos perceptível ao consumidor. Em geral trazem resultados voltados a competitividade do negócio. Avaliação de NPS é um exemplo… Outro exemplo, seria uma plataforma de gestão de despesas corporativas ou até mesmo os IoTs utilizados atualmente em monitoramento de fábricas.

Inovação Radical: Nesta característica o peso da pesquisa é relevante. Nesta característica de inovação não estamos falando em inovar um ponto específico de um produto ou serviço já existente. Estamos falando, sobretudo, em utilizar destes produtos ou serviços já existentes para criar um novo modelo de negócio. A grande maioria das startups entendo estar nesta característica de inovação. Ifood, Airbnb por exemplo. Os locais para alugar já existiam e os interessados também… Eles criaram uma nova forma de conectar demanda e oferta.

Inovação Disruptiva: Aqui há uma sutil diferença para a Inovação Radical e há muita confusão nestas interpretações ainda. Mas o ponto é que a Inovação disruptiva revoluciona um mercado inteiro, e não raro acaba com empresas que não conseguiram enxergar, criar ou se adaptar a tempo para a oportunidade. E geralmente a oferta disruptiva são simplificações e acessibilidade a produtos ou serviços antes caros e complexos. Não raro este modelo é baseado em tecnologia. O famoso exemplo da Kodak diante das máquinas de fotos digitais ou o mercado de stream de músicas (e olha que da fita k7 ao blueray o mercado até teve tempo para pensar adiante).

Logo, a inovação sob estes aspectos citados acima, torna-se essencial a todo tipo de negócio porque geram vantagens competitivas a médio e longo prazo.

Agora voltando a provocação inicial deste artigo, o empresário tem o desafio de inovar seu negócio… e pensar no empreendedor que está pesquisando e estudando e pensando no seu mercado e em como otimizá-lo. Que tal ser ambos? Pode dar certo! Qual será a sua inovação?

Ricardo Rédua Martinho tem formação em Marketing Internacional pela Universidade da Califórnia-Silicon Valley e Insper. Consultor e/ou  mentor na Anjos do Brasil, Wow Aceleradora, Mindset Ventures e Insper Angels. Conselheiro em Startups e membro do Inovativa Brasil do Governo Federal,

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